19 August 2008

O Lamento.



"Onde estiveste?"
Longe.



"Porque demoraste tanto?"
Porque não te queria ver.



"Não te respondo. Não te sinto."
Não há nada para sentires.



"Diz-me...."

Não.
Trouxe algo para ouvires.




When I am laid in earth - Henry Purcell
[play!!!!!]






Ela canta como tu outrora me tocaste.
Ela canta como nós um dia nos entregamos.
Ela canta...
...como um dia te custou perder-me.



Deita-te.



...fecha os olhos...




Coloca a tua mão no teu peito.









É o destino que definha.








"Foi ali que estiveste?"
Sim. No fundo do Abismo.



"Não me querias ver... só me querias.... recordar".
Sim.



Sim.





Sim.








"Porque voltaste?"
Porque o sofrimento do baixo do Lamento é demasiado.



"Mas tu costumas ser forte..."
Se me desses Luz, saberias a que me refiro...



...demasiado Belo.



...demasiado Mórbido.





Sabes...

Passei dois meses a olhar por uma janela à espera de encontrar o momento certo para te dizer isto. Não vai ser fácil viveres com as palavras que te vou dar.

Levei comigo esta voz durante esse tempo. O Lamento é um sentimento nobre, é uma postura digna.


O Lamento de uma frase que não foi dita.
O Lamento de um olhar derramado.
O Lamento do fim das coisas.



Das coisas simples como escrever,
da escrita simples das coisas.





Há muito tempo que não te escrevo de forma simples.
Com saudade te digo.
Há muito que não te escrevo de forma solta.



Aqui me tens.







"Remember me"




A Kiss... to Remember.





"A forma como este trecho está cantado, decadente e iluminado, doloroso e angustiado, numa espécie de movimento perpétuo..."






...como o movimento circular e o(b)stinato quase imperceptível contido nestes textos.







Tu, que me lês há muito tempo, és uma parte do meu Prize of Beauty.



















O reconhecimento da beleza contida dentro de um eterno lamento.









Adeus
DM










19 June 2008

A Kiss...

Photobucket ...to remember?
Photobucket ...to regret?
Photobucket ...to desire?

19 May 2008

Dueto.

(play!)



Não precisas de saber tocar.
Só precisas de gostar de ouvir.

Não tens que tocar comigo.
Só tens que tocar-me a mim.

Não vais sofrer por não teres sido tu a escreve-las.
Só tens que saber por onde caminhar até aqui.

Não há anel de fogo que me consuma
Só um anel de esperança...

...de que amanhã não precise delas.





"Tu sabes o que foi que ele me disse?"





Sei.



Disse que...









Não há amor
sem dissonância.









Dali



19 April 2008

Do you Love me?





Photobucket







Love Music instead.



19 March 2008

Yes, there is.




(a leitura deve iniciar-se em simultâneo com a música)







O
brilho
do teu
peito
sob a luz da Lua



Naquela noite

de caos


de tensão



de sorrisos.





Encantado

apaixonado


deslumbrado.





Naquele instante
soubeste ver-me


desamparado.





Por tantos estados passava
tão velozmente
que temeste...





Foste capaz de sentir que eu não estava


Perdido.





Foi tão claro

para Ti

que eu permanecia



Ausente.









Silenciaste-me.







Serenei







E para que eu entendesse
a vitalidade do que me ias transmitir
tomaste o desamparo na tua pele despida.





Para que eu visse
sob a luz da Lua
o teu peito encher-se de ar
com o vagar da entrega mais pura.




E da ondulação silenciosa dos teus lábios
ofereceste-me uma frase:



















"This melody belongs to you."


















Obrigado, Light of my Sound.



Beijo-te.







19 February 2008

Is there any Light?











A cada dia se repete, como num ostinato obstinado.









A cada camada de som, mais fina a minha pele.









Em cada sonho....



















....te encontro.





19 January 2008

Nuages Gris.



(play)






Lê,

pausadamente...




"Um dia atrasei-me...

Ao pé da montanha deixei a carruagem e, por um carreiro pedregoso que atalhava caminho, cheguei à Vila d'Este.

Na pequena torre, os quartos estavam desertos. Abri a porta do terraço e encontrei-me face a face com Liszt. Estava mudado, tinha o aspecto de quem tomara uma decisão definitiva; apertou-me a mão em silêncio e convidou-me a entrar. Entrou atrás de mim e fechou a porta à chave, depois avançou com os braços abertos e os olhos brilhantes, dizendo-me: << Sabes que não posso viver sem ti >>.

Naquela noite não jantamos, e o Sol, ao nascer, encontrou-me inclinada sobre Liszt, adormecido, contemplando avidamente a dolorosa tristeza que se reflectia no seu semblante.

Beijei aqueles lábios tão queridos, e entre sonhos devolveu-me o beijo.

Era meu.

Beijei-o de novo, e de repente assaltou-me um pensamento terrível. Era meu, pertencia-me; mas ao despertar, talvez corresse a prostrar-se aos pés de um crucifixo.

Como reconquistá-lo? Sentia-me fatigada dos últimos êxtases, esgotara todas as carícias e todas as loucuras... Que novo apaixonado amor podia inventar para depor a seus pés? Uma atroz angústia apoderou-se de mim. Sim, podia perdê-lo, ao despertar iria em busca de um sacerdote e, com o rosto na poeira, imploraria o perdão de Deus para aquele pecado de amor que no tribunal da penitência recebe os mais odiosos nomes. E absolve-lo-iam sob a condição de me esquecer.

E se o matasse?

Estendi o braço para apanhar o meu punhal, que deixara cair na véspera aos pés da cama. Abriu os olhos. Esperava as suas primeiras palavras; foram de amor. Salvara-se.

Abraçou-me com delírio e, entre beijos, murmurava promessas de amor, jurando-me que já não lutaria mais, que se me entregava por completo, e eu fazia-o repetir as suas palavras uma e outra vez.

Senti naquele momento um desejo apaixonado de prazer até ao último momento de vida."


















Querido,


Quando li estas palavras, chorei tanto... tanto por não ter sido eu capaz de as escrever, como por sentir que são tão minhas como da Condessa Olga Janina. Contudo, deixo-te um pergaminho de mágoas onde as escrevi.


Para ti.


Ao terminar a leitura, sentia-te escorrer. Tu és a água e a dolorosa tristeza que torna estas nuvens tão cinzentas, que as torna tão pesadas...





...Nuages...







Nuages Gris.







As tuas promessas de amor sempre o foram.




Um dia, ouvimos este piano ao despertar... o som, esse teu crucifixo, esse teu amor.

E eu ainda recordo...




Falaste de Liszt poucas vezes. Mas recordo-as todas, e de quão singular é a sua música, a sua vida.




No fundo, o que me dói, é sentir incessantemente o desejo apaixonado de prazer até ao último dia.






Porque só eu sei,

quando és meu,

o que Liszt fazia com as suas mãos





únicas





no piano,





é o que tu fazes com as tuas mãos





perfeitas



















no meu corpo.














Ass: The One that brought Light to your Sound.




19 December 2007

A Herança

The Spherical MindsA Snag in My Collection of Dreams

(play)



Faz algum tempo que partiste.
Faz algum tempo que não sinto um dos maiores valores que me deixaste de Herança.



O teu abraço envolvente.



É tempo demais para que não me desmorone.
É tempo demais desde que te disse:


"Quero que sejas meu."


E foste...


....e ainda és.



Com o tempo que passou, talvez de menos, falaste-me num anel de fogo que te envolvia...
Como sempre, só eu era capaz de sentir o temor nas tuas palavras.


Eu olhava para ti e chorava, mostrando-te o sorriso que te trouxe até mim. Fui tão Feliz junto a ti, deste-me tanto...



Mas eu dei-te mais.



Dei-te as minhas mãos, dei-te o meu ventre, dei-te o meu peito.
Dei-te o meu corpo e a minha alma para lhe cravares todas as agulhas do teu sofrimento.
Tarde percebi que por ser capaz de aguentar toda a Dor que corria nas tuas veias, me transformava num anel de fogo em teu redor.


Eu era Perfeita para o teu conceito de Perfeição.


Tu eras Perfeito para o meu conceito de Amor.


Cada dia mais Perfeita, cada noite mais Ardente.
E por te ter encontrado tão tarde, a cada momento arrependias-te do teu passado.



Eu tive tantos nomes...



...e perdoei-os todos.


Fizeram de ti quem eras no instante em que disseste:


"Quero que sejas minha."


E fui...


...para sempre, até que me desmorone.



Arrependias-te porque vias cada minuto mal aproveitado como uma oportunidade desperdiçada para seres melhor ao meu lado.



Mas tu foste sempre o Melhor ao meu lado.
O Melhor à minha frente quando eu o necessitava.
O Melhor atrás de mim quando tu o necessitavas.


Tão perfeito, até na tua Herança.









Sabes,

quando o Dinis nasceu, imaginei como seria a partir desse momento.

Foi diferente do que eu imaginei.

À medida que ele crescia, e eu te via desaparecer nessa Dor de não lhe chegares, eu esperava que tu pusesses nas minhas mãos mais uma das coisas que não eras capaz.

Mas não foi assim.

Aguentaste tudo. Suportaste tudo.
Porque sabias que,
um dia,
já decomposto,
ele te escreveria uma carta.

Sabes,

ontem, depois de o deitar, encontrei uma fotografia tua onde eu menos esperava...

...dentro da partitura da Elegia que lhe dedicaste.


A tua Herança não é ele, no entanto.
Não é o toque dos teus dedos.
Não são os cabelos que encontro todos os dias no banco do carro.
Não são as palavras que me escreveste.
Não são os sons que me deste, os sons que de ti extraí.
Nem a colecção de sonhos que tivemos.









Não há, não existe, Herança mais valiosa,



do que ser Feliz mesmo depois de teres morrido.






Ass: The One that brought Light to your Sound.

19 November 2007

November.






O Escorpião, quando rodeado por fogo, prefere aniquilar-se com o seu poderoso veneno a morrer queimado.



















Will your Love be my ring of fire?